A
VERDADE LIBERTA
por Dom Alfredo Schaffler, Bispo da Diocese de Parnaíba-PI
São Paulo atribui a
decadência moral da humanidade à substituição da Verdade sobre
Deus pela idolatria que consiste em adorar o não adorável(Cl 3,5).
Um documento que foi
escrito pelos Bispos da América Latina em Puebla fala destas três
formas de idolatria:
a da riqueza, a do
prazer e a do poder.
São Paulo oferece, na
Carta aos Romanos, uma lista de comportamentos que caracterizavam a
cultura pagã de seu tempo.
Fala de um
aprisionamento da verdade, impedida de vir à tona, pelas escolhas
ímpias e injustas dos seres humanos. Em outra passagem, São Paulo
afirma que os gentios, que não receberam a lei revelada, têm a lei
“gravada em seus corações”(Rom 2,15), razão por que são
também responsáveis diante da própria consciência pelo mal que
praticam.
Aqueles que crêem de
verdade em Deus, Pai e Criador, estão convictos de que existe uma
ordem natural a ser respeitada e que a verdadeira liberdade consiste
em assumir na própria existência o projeto de Deus que se pode
descobrir pela consideração atenta, sensível à verdade, da
natureza profunda do universo e da própria natureza humana.
Quando Deus deixa de ser
o fundamento último da existência humana, tudo se torna possível.
Os desejos dos
indivíduos, ou de grupos, podem então se transformar em direitos e
as leis acabam por abrir espaço para sua satisfação.
De fato, as perfeições
invisíveis de Deus - não somente seu poder eterno, mas também a
sua eterna divindade - são percebidas pelo intelecto, através de
suas obras, desde a criação do mundo.
Portanto, eles não têm
desculpa: apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus
nem lhe deram graças.
Pelo contrário,
perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se
obscureceu.
Alardeando sabedoria,
tornaram-se tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por uma
imagem de seres corruptíveis, como homens, pássaros, quadrúpedes,
répteis.
Por isso, Deus os
entregou, dominados pelas paixões de seus corações, a tal impureza
que eles desonram seus próprios corpos.
Trocaram a verdade de
Deus pela falsidade, cultuando e servindo a criatura em lugar do
Criador, que é bendito para sempre”
E, porque não julgaram
ser bom alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu
reprovado modo de pensar.
Praticaram então todo
tipo de torpeza: cheios de injustiça, iniquidade, avareza, malvadez,
inveja, homicídio, rixa, astúcia, perversidade; intrigantes,
difamadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos,
tramadores de maldades, rebeldes aos pais, insensatos, traidores, sem
afeição, sem compaixão.
E, apesar de conhecerem o
juízo de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações,
não somente as praticam, mas ainda aprovam os que as praticam”(Rom
1,18-31).
Aí está, uma descrição
de costumes e de comportamentos que estão presentes, em grau maior
ou menor, em todas as épocas da história.
Aliás, a Epístola aos
Romanos quer mostrar exatamente isto: todos os seres humanos, sem
exceção, estão sob o domínio do pecado.
Seu objetivo é mostrar
que em Cristo somos salvos.
O reconhecimento de nossa
condição de pecadores abre-nos para Cristo Salvador.
Saberemos, entretanto,
reconhecer que em nós há desejos, afetos, paixões desordenados que
precisam de cura e saberemos perceber a ação de Deus que nos
mobiliza na direção da prática do bem.
Nesse sentido é
impossível viver sem experimentar este conflito:
Novamente S. Paulo nos
fala: “. Com efeito, não faço o bem que quero mas pratico o mal
que não quero”(Rom 7,18-19).
A consciência dessa
condição nos leva a Cristo que, pelo Espírito Santo, vem em nosso
socorro e nos dá a graça de construir nossa vida segundo o projeto
de Deus.
Não precisamos ser
escravos nem da lei nem de nossas paixões desregradas.
Podemos caminhar na
direção de uma liberdade sempre mais profunda, conduzidos pelo
Espírito de Cristo.
Uma alerta: a cultura
hedonista se alastra, cria leis que transformam em direitos
comportamentos que destoam da verdade.
Não se considere melhor
que os outros e nem se assuste, pois o próprio Jesus Cristo nos
diz: “não tenhais medo, sou eu”( Jo 6,20); e ainda: “eis que
estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos( Mt
28,20).
Firme na fé e fiquem com
Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário